domingo, 28 de setembro de 2014

Retrosaria Rosa Pomar

Setembro é um mês de recomeços, quase um segundo Janeiro, a que se acrescenta uma grande mudança climática. Lá em casa, para além da preparação do material escolar, a minha mãe tinha a tradição da ida à retrosaria. Era tempo de preparar o Inverno, nada melhor do que escolher uma lã quentinha e agarrar nas agulhas, e com isto um novo projecto, um cachecol para a principiante, uma bela camisola para a mestra artesã.

Este ano quis retomar a tradição e comecei com uma visita à retrosaria Rosa Pomar. Confesso que já há muito procurava uma desculpa para lá regressar...

Batemos à porta para entrar. A retrosaria fica num segundo andar luminoso de um prédio de traça antiga. É um daqueles lugares verdadeiramente inspiradores...A primeira sensação é a cor. Cores, texturas e padrões encolvem-nos em todas as direcções. O ambiente é acolhedor, quente pelas madeiras e pelo sol da manhã que rasga as amplas janelas, quase que como de uma sala de estar se tratasse. Com o objectivo definido dirijo-me ao antigo armário merceeiro agora ocupado de novelos dos mais diversos feitios. A meio caminho, em destaque numa mesa sobre um tapete de arraiolos, as lãs portuguesas que a retrosaria tem vindo a recuperar de produtores locais. São lãs patuscas, o fio é irregular, de muito estreito passa a autênticos tufos, são lãs fiadas à mão. Imediatamente me apaixonei por esta lã de aspecto tosco. Perguntei "se picava muito para uma gola", respondeu-me um olhar repreendedor pela questão atrevida, seguido da sugestão da lã da ovelha minhota (Bucos) em relação à transmontana (Mirandesa) por ser mais macia, ou como eu prefiro classificar "fofa".

 

Seguiram-se algumas estórias, fiquei a saber que foi encontrada uma ovelha que se tinha perdido há um par de anos, e que a pobre coitada já levava com uns 20kg de lã, à falta de tosquia. Aprendi também que o tricot era um ofício tradicionalmente masculino, que os pescadores da Nazaré faziam as suas próprias camisolas e gorros.

Se não souberem tricotar não há problema, aqui encontram todos os tipos de manuais de tricot e costura, há também um workshop de tricot com os dedos que terei de vir experimentar.

A retrosaria é muito mais que uma loja, é um recuperar de tradições e hábitos portugueses. Através da recuperação e divulgação das nossas lãs e do ensino de diversas técnicas nos seus workshops. É uma autêntica fonte de inspiração, tanto pela sua missão, como pela concentração de tantas coisas bonitas num único espaço.

Neste tipo de sítios a minha cabeça não pára, com o pensamento correr entre 1001 projectos e possibilidades...Desta vez um novelo patusco e umas agulhas em bétula, para uma gola, para a próxima visita uma fazenda para uma capa.

 

Agora é dar às agulhas...

 

Ideal para: ofícios da costura, fonte de inspiração

Com: força de vontade

Mood: DYI ou à portuguesa trabalhos manuais

Coordenadas: Chiado

 

Retrosaria Rosa Pomar

Rua do Loreto nº 61, 2º dto

1200-241 Lisboa

213 473 090

retrosaria.rosapomar.com

facebook

 

horário: Terça a Sábado das 10 às 19h

 

4 comentários:

  1. Era interessante um post sobre floristas. Acho que é ignorância minha, mas não conheço nenhuma florista de horário alargado no centro de Lisboa.

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    1. Adoro flores! Já se tornou um hábito lá de casa a comprar de flores frescas ao Sábado de manhã. Um post sobre floristas é uma óptima sugestão. Muito obrigada.
      Entretanto, posso já deixar uma sugestão de duas das minhas favoritas, ambas abertas até às 20h. A florista Pequeno Jardim (Chiado), uma florista tradicional com uma extraordinária selecção de flores fora do comum, e a florista Em Nome da Rosa (Príncipe Real), uma florista num palacete, lindíssima em que os arranjos florais têm um toque artístico. Bjinhos*

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  2. Muito bom mesmo, adoro ver o talento nacional a ser reconhecido! A retrosaria da Rosa Pomar nao é so uma loja mas tambem uma filosofia digna de ser seguida e partilhada! Bravo a ela e tambem a voces pelo reconhecimento e divulgacao. XXX

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