Lisboa acima, Lisboa abaixo: Feira das Almas

Um mercado diferente...

No último fim-de-semana de cada mês, juntam-se tesouros vintage, tesouros modernos e diferentes, uma variedade de projectos individuais de artistas nacionais ao som de muita música. Tudo isto num espaço cheio de carisma sob uma atmosfera puramente alternativa. Bem-vindos à Feira das Almas!

Senti-me em Londres, num dos tantos mercados escondidos de Bricklane, o bairro de emigrantes onde se respira criatividade em cada loja ou banca de mercado, alternando com os cheiros intensos das comidas já se encontravam antes. Fiquei feliz, feliz como quem encontra um tesouro, que aqui se pode materializar numa peça vintage.

A entrada para a feira passa despercebida. Depois de descer a escadaria que dá acesso à estreita rua – ou será um beco?, passar por baixo da arcada, surge uma entrada sob a placa "feira das almas".

É um enorme pavilhão antigo de ares industriais, a madeira sustenta a sua estrutura e cobre o vasto chão. A luz vem de cima, da clarabóia do segundo andar, é natural. Aqui e ali veêm-se algumas máquinas e ferragens que agora descansam da sua actividade. A vida vem das diversas bancas, num continuo de cores e texturas, de tempos e realidades. Perco-me entre os charriôs de roupas de outras mãos, de outras vidas, o olhar fixa-se nos luxuosos casacos de pêlo, e depois segue por entre padrões em busca "daquela" peça. Tento absorver o mais que posso. Seguem-se bancas com bijutaria, com peças de decoração, utilitários, cada peça com o seu quê. O tempo e o espaço são interrompidos pela música. Um dj ocupa a posição central, no segundo andar, como que de um púlpito, prega o ritmo que se faz sentir na feira.

Também há lugar para novos projectos, desde quadros de ponto cruz de estilo kitch de mensagens, as Marias vindas do Porto, únicas e irrepetiveis, cada uma com sua história, os posters Feliz é Quem Diz, relembrando que a felicidade vem das pequenas coisas docemente ilustradas, a Fucking Cute things com os antigos fio dourados reinventados na forma de poemas de Fernando Pessoa ou nos mais diversos animais – não resisti à andorinha, sabonetes artesanais, ilustrações, sinais decorativos, and so on, and so on...